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terça-feira, 21 de setembro de 2010

Jesus entre os Samaritanos - João 4, 1 - 42



“Se conhecesses o dom de Deus e quem é que lhe diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e Ele te daria água viva!”


Na vida paixão e morte de Jesus, as mulheres recebem um verdadeiro resgate em seu fundamental papel de filhas de Deus, os momentos mais importantes da história do mundo cristão estão reservados às mulheres, foi assim no anuncio do nascimento de Jesus e também na sua ressurreição, porém, no cristianismo estes fatos caíram no esquecimento até os dias de hoje.
Mesmo após os ensinamentos de Jesus, a mulher era um mero coadjuvante na sociedade, frases como: “submissa ao marido” ou “..estejam caladas as mulheres nas assembléias... Devem ficar submissas, como diz também a Lei” 1 Coríntios 14, 34. Mas isso não é uma particularidade bíblica, este “machismo” sempre esteve presente em todos os tempos antigos inclusive na Grécia – antiga. Para os gregos a mulher era incapaz de amar e elas eram meros “vasos reprodutores”, a alguns poucos anos o Papa Bento XVI emitiu uma nota onde proibia as mulheres de subirem no presbitério, local onde fica o altar, mas depois recuou de sua decisão.
Voltando aos tempos de Jesus, para os judeus somente pisar nas terras da Samaria já os tornaria impuros, falar com uma mulher samaritana então era quase um sacrilégio, porém, Jesus age com muita serenidade, e esta atitude causará espanto até entre os seus discípulos.
Como tudo que procede da boca de Deus, este texto bíblico nos reserva um momento maravilhoso onde Jesus nos mostra, além da sua divindade a sua, também humanidade e compaixão.

Jesus entre os Samaritanos. João 4, 1 - 42
Samaritana
Escultura em mármore
Inst. Ricardo Brennand
Recife.
Quando Jesus soube que os fariseus tinham ouvido dizer que ele fazia mais discípulos e batizava mais que João – ainda que, de fato, Jesus mesmo não batizasse, mas os seus discípulos – deixou a Judéia e retornou a Galiléia. Era preciso passar pela Samaria. Chegou, então, a uma cidade da Samaria, chamada Sicar, perto da região que Jacó havia dado a seu filho José. Ali se achava a fonte de Jacó. Fatigado  da caminhada, Jesus sentou-se junto à fonte. Era por volta da hora sexta.
Uma mulher da Samaria chegou para tirar água. Jesus lhe disse: “Dá-me de beber!” Seus discípulos haviam ido à cidade comprar alimentos. Diz-lhe, então, a samaritana: “Como, sendo judeu, tu me pedes de beber, a mim que sou samaritana?” (Os judeus, com efeito, não se dão com os samaritanos.) Jesus lhe respondeu:
“Se conhecesses o dom de Deus e quem é que lhe diz: ‘Dá-me de beber’, tu é que lhe pedirias e ele te daria água viva!” Ela lhe disse: “Senhor, nem sequer tens vasilha e o poço é profundo; de onde, pois, tiras essa água viva? És, porventura maior que o nosso pai Jacó, que nos deu este poço, do qual ele mesmo bebeu, assim como seus filhos e seus animais?” Jesus lhe respondeu: “Aquele que bebe desta água terá sede novamente; mas quem beber da água que lhe darei, nunca mais terá sede. Pois a água que eu lhe der tornar-se-á nele fonte de água jorrando para a vida eterna”.
Disse-lhe a mulher: “Senhor, dá-me dessa água, para que eu não tenha mais sede, nem tenha de vir mais aqui para tirá-la!” Jesus disse: “Vai, chama teu marido e volta aqui”. A mulher lhe respondeu: “Não tenho marido”. Jesus lhe disse: “Falaste bem: ‘Não tenho marido’, pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade”. Disse-lhe a mulher: “Senhor, vejo que és profeta.... Nossos pais adoraram nesta montanha, mas vós dizeis: é em Jerusalém que está o lugar onde é preciso adorar. Jesus lhe disse:
“Crê, mulher, vem a hora em que nem nesta montanha nem em Jerusalém adorareis o Pai.
Vós adorais o que não conheceis; nós adoramos o que conhecemos, porque a salvação vem dos judeus.
Mas vem a hora – e é agora – em  que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e verdade, pois tais são os adoradores que o Pai procura.
Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”.
A mulher lhe disse: “Sei que vem um Messias (que se chama Cristo). Quando ele vier, nos explicará tudo”. Disse-lhe Jesus: “Sou eu, que falo contigo”.
Naquele instante, chegaram os seus discípulos e admiravam-se de que falasse com uma mulher; nenhum deles, porém, lhe perguntou: “Que procuras?” ou “Que falas com ela?. A mulher, então, deixou seu cântaro e correu à cidade dizendo a todos: “Vinde ver um homem que me disse tudo que fiz. Não seria ele o Cristo?” Eles saíram da cidade e foram ao seu encontro.
Enquanto isso, os discípulos rogavam-lhe: “Rabi, come!” Ele, porém, lhes disse: “Tenho para comer um alimento que não conheceis”. Os discípulos se perguntavam uns aos outros: “Por acaso alguém lhe teria trazido algo para comer?” Jesus lhes disse: “Meu alimento é fazer a vontade daquele que me enviou e consumar a sua obra. Não dizeis vós: ‘Ainda quatro meses e chegará a colheita?’ Pois bem, eu vos digo: Erguei vossos olhos e vede os campos: estão brancos para a colheita. Já  o ceifeiro recebe seu salário e colhe o fruto para a vida eterna, para que o semeador se alegre juntamente com o ceifeiro. Aqui, pois, se verifica o provérbio: ‘um é o que semeia, outro o que ceifa’.
Eu vos enviei a ceifar onde não trabalhastes; outros trabalham e vós entrastes no trabalho deles”.
Muitos samaritanos daquela cidade creram nele, por causa da palavra da mulher que dava testemunho: “Ele me disse tudo o que fiz!” Por isso, os samaritanos vieram até ele, pedindo-lhe que permanecesse com eles. E ele ficou ali por mais dois dias. Bem mais numerosos foram os que creram por causa da palavra dele e diziam à mulher: “Já não é por causa do que tu falaste que cremos. Nós próprios o ouvimos, e sabemos que esse é verdadeiramente o salvador do mundo”.

A missão de Jesus, em seu tempo, tem início na Galiléa e seu desfecho em Jerusalém, e aqui nesta passagem Ele faz o Caminho inverso. Ele volta atrás e resgata os que foram divididos por este Caminho. Nas palavras da samaritana ela diz: “Sei que vem um Messias (que se chama Cristo)”,  realmente  eles são um povo que se dividiu do judeu, portanto aqui também verificasse um anuncio da chegada do messias e novamente o primeiro a recebê-lo entre eles foi uma mulher.
A samaritana vem ao poço ao meio-dia (hora sexta), ela está sozinha e vem pegar água, é por volta da mesma hora em que Jesus em sua cruz pede água e recebe vinagre (João 19, 28). Outro momento em que Jesus pede água está na passagem “Bodas de Caná” (João 2, 1 - 11) e é quando Ele transforma água em vinho, mas não é um vinho qualquer e sim o melhor vinho, o mesmo se sucede com a água, ela é água viva.
Aquela mulher era solteira, pois, disse não ter marido mas, o povo da Samaria adoravam cinco deuses – dai vem os cinco maridos – neste instante ela ainda é solteira porque não reconheceu Jesus como Deus e sim como um profeta. Nisso vem as palavras de Jesus: “Falaste bem: ‘Não tenho marido’, pois tiveste cinco maridos e o que agora tens não é teu marido; nisso falaste a verdade”. Aqui o “matrimônio” dela com Deus ainda não havia acontecido.
Em muitas das histórias bíblicas que se referem a poços, estão presentes a figura da esposa e do seu futuro marido, Moisés e Zípora (Êxodo 2, 15-21), Jocó e Raquel (Genesis 29), Isac e Rebeca (Genesis 21, 17ss)... Da mesma forma estão Jesus e a samaritana – tendo em mente que em Oséias, Deus assume o papel de marido. “E naquele dia, diz o SENHOR, tu me chamarás: Meu marido; e não mais me chamarás: Meu senhor.” Oséias (2, 1 -16)
Este texto nos mostra uma progressiva conversão, ao longo do dialogo da samaritana com Jesus, que vai de um mero judeu, que depois é maior que Jacó,  passa a vê-lo como um profeta e termina como salvador do mundo. Esta conversão atinge a mulher de tal forma que, ela vai e leva a Boa Nova (água viva) aos seus, que crêem e é ela mesma que os apresenta a Jesus.
A exemplo do profeta Jonas em Nínive que era uma grande cidade de três dias de caminhada, Jesus tem que cruzar a Samaria e se detém durante três dias em Sicar e a converte apenas com a força de sua palavra - diferentemente dos textos anterior e posterior à está passagem - aqui ninguém lhe pede para fazer um sinal, pois, eles tinham sede de conhecimento de Deus. É a força da Palavra de Jesus que inunda os seus ouvintes de Sicar e o reconhecem como o salvador do mundo.
A força e a beleza, das palavras de Jesus permaneceram vivas nos Evangelhos e no Espírito, porém, muitas vezes as lemos sem nos darmos conta disso, como quem vai a um museu e deparando-se com um canhão, abre um sorriso e faz pose para fotos, se esquecendo que aquele objeto é uma arma feita para matar nossos semelhantes. É desta mesma forma que olhamos para o crucifixo, vemos Jesus crucificado e ainda o colocamos no pescoço como uma linda jóia, outros colocam a bíblia embaixo do braço e no entanto só enxergam aquilo que querem e como donos da verdade fazem suas oferendas a Deus e saem condenando ao inferno tudo e todos. Não há compromisso algum, tudo isso é hipocrisia, tanto das instituições quanto dos seus seguidores. Ficamos esperando sinais, curas, ou incontáveis riquezas e não nos damos conta da força e da beleza dos ensinamentos ali contidos.
Nesta passagem Jesus se comporta como um poço, pois, Ele não sai de seu lugar e inclusive pede para a mulher que chame o seu marido e volte ali mesmo. É Ele o poço de Águas Vivas onde qualquer um pode beber desta água e Ele continua sendo, porém, em Espírito. Disse o próprio Jesus: “...Deus é espírito e aqueles que o adoram devem adorá-lo em espírito e verdade”. Nossa sede é de Deus e ela é a mesma sede de Justiça e de Amor.
Agora pare para pensar um pouco e penetre dentro de você, olhe para o seu passado, vislumbre o seu presente e o seu futuro. Se você perceber a ausência incomoda  de alguma coisa que falta para te completar como ser humano, irá descobrir que é sede, algo semelhante a um poço vazio dentro de nós. A isso podemos dar o nome de sede de Deus, essa é a água viva. Ele está ai esperando para jorrar esta água, peça e este seu poço nunca mais ficará seco e quanto mais você distribuir desta água mais água você terá, a isso chamamos Graça de Deus.
Temos que conhecê-lo como Ele é, e não pode ser porque o padre ou o pastor disse. Neste texto a mulher apresenta Jesus ao povo e depois o próprio povo diz: “Já não é por causa do que tu falaste que cremos.”. Deus é Amor de graça e misericórdia infinita. É importantíssimo que aprendamos isso de uma vez por todas e não pode ser porque está escrito aqui e sim porque está gravado em seu coração.
Deus quer que tenhamos vida e em abundância, Ele não nos pede sacrifícios algum e nem provas, isso é hipocrisia e se alguém lhe disser ao contrário este alguém está mentindo ou ele não entendeu nada. Deus só sabe amar os seus filhos e radicalmente todos nós somos, portanto ame-o da mesma forma.
Temos que entender que em Gênesis, quando a mulher é chamada de auxiliar do homem, não é auxiliar no sentido pejorativo ou algum tipo de redução da mulher. Ex: Nos Salmos (30,10), (38,22), (40,13), (40,17), (54,4), (63,7), (70,5) e (94,17) quando diz: "Ó Senhor venha ao meu auxílio" ou "seja o meu auxílio), lemos estes Salmos e não vemos de forma alguma que os seus autores  estão diminuindo Deus, e é neste sentido que Gênesis se refere a esta palavra.
Nesta passagem de João, entre outras, Jesus nos mostra um verdadeiro resgate ao real papel da mulher na história da humanidade e toda a sua importância.
Poderíamos enumerar muitos outros motivos para afirmar que, de machista Jesus não tem nada, Jesus é Deus e Marido de todas as mulheres, e só isso é motivo de regozijo para todas elas.
Que Deus abençoe todas as mulheres e que Ele venha ao auxílio dos machistas e das instituições também machistas - inclusive a instituição "família".


“E disse-me mais: Está cumprido. Eu sou o Alfa e o Omega, o princípio e o fim. A quem quer que tiver sede, de graça lhe darei da fonte da água da vida.
(Apocalipse 21,6)”.

Quadro: Carlos Araujo - "O Salvador" Bíblia - Citações"