Certa vez um amigo, neo-pentecostal e fundamentalista, me perguntou: “A bíblia menti?”, respondi que não e em seguida me ele me fez outra pergunta: “Porque então você estuda a bíblia, não seria só ler?” e novamente respondi que não!
O questionamento deste meu amigo é muito válido e a resposta que me pareceu mais apropriada foi com um confronto entre dois textos bíblicos.
Se basta eu ler a Bíblia e ela não mente me explique estes dois textos? Estudando-os eu posso explicá-los mas, apenas lendo, seria forçado a dizer que: alguém ai está mentindo! Genesis (2, 2-3) afirma que: “Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda obra que fizera.”. Já em João (5, 17) é o próprio Jesus quem faz outra afirmação: “...“Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho”.”.
Ao concluir eu o questionei novamente: Qual dos dois está mentido, o evangelista João ou Gênesis, já que você afirma não ser necessário estudar a bíblia? E este meu amigo não encontrou resposta para as minha questão e infelizmente ele não continuo o dialogo.
É óbvio que se faz necessário estudar, se não, o que Jesus fez durante três anos de sua vida com seus discípulos? A própria palavra “discípulo” que, segundo os dicionários quer dizer: Aquele que recebe ensino de alguém; aquele que aprende; aluno – vem do latim “discipulu”.
No Evangelho de João, Jesus é categórico em afirmar que seu Pai trabalha até agora, quer dizer ainda não descansou mas, o que Ele poderia estar querendo nos revelar com isso?
A Obra de Deus é desde a Criação até a instauração do seu Reino na terra, o universo está ai, podemos vê-lo, as águas, as plantas, a luz, os animais e nós (humanos), mas o Reino aqui, ainda não! Jesus também ensinou-nos a pedir pela vinda deste Reino: Mateus (6, 10) “venha o teu Reino, seja feita a tua vontade na terra, como no céu.”. Outra vez a mesma afirmação de Jesus que em outras palavras pede: que o Reino de Deus se realize na terra, assim como é no Céu.
E o que está entre nós e conclusão do Reino de Deus é a nossa semelhança com Ele, pois, a imagem está pronta e é em Jesus que a encontramos. Mas também é Nele que encontramos a diferença, justamente por não sermos a semelhança de Jesus e seu Pai!
Deus se fez homem em Jesus, somos parecidos com Ele em seu aspecto físico, mas e quanto a semelhança? Jesus nos mostrou um humanismo que estamos muito aquém deste modelo que seria a nossa “semelhança” com Deus.
À toda obra que Deus fez, a fórmula “e viu que era bom” se repete e no sexto dia Ele viu que era “muito bom” e este “muito bom” foi no dia da Criação do humano. E o que fizemos foi, guerras, falsos profetas, inversão de valores, dependências inerentes ao capitalismo e em nome deste capital escravizasse nações inteiras e muitas outras formas criativas desta “desumanidade”. Podemos avaliar isto tudo e ver um “muito bom” ou se quer um apenas “bom”? Deus também, ainda não!
Para responder completamente temos que voltar ao texto que se refere ao sexto dia em Gênesis (1, 26) “Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”....Deus viu tudo que tinha feito: e era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. Assim foram concluídos o céu e a terra, com todo o seu exército.”.
A resposta, que para mim é a mais adequada é que: Estamos no sexto dia! O ser humano ainda é uma obra inacabada e isso me enche de esperanças, quero fazer parte da criação deste Reino de Deus. Qualquer coisa que se faça nesta direção responde aquela questão que todos nós temos: O que Deus quer que eu faça? O que Ele quer de mim? E aqui está a sua resposta: O que quer que você faça, faça pelo Reino de Deus aqui, neste tempo e sem perda de tempo!
Tenha um bom dia e até amanhã!