Google Website Translator Gadget

quarta-feira, 28 de abril de 2010

Contradição Bíblica? Gênesis (2, 2-3) João (5, 17).

Certa vez um amigo, neo-pentecostal e fundamentalista, me perguntou: “A bíblia menti?”, respondi que não e em seguida me ele me fez outra pergunta: “Porque então você estuda a bíblia, não seria só ler?” e novamente respondi que não!



O questionamento deste meu amigo é muito válido e a resposta que me pareceu mais apropriada foi com um confronto entre dois textos bíblicos.

Se basta eu ler a Bíblia e ela não mente me explique estes dois textos? Estudando-os eu posso explicá-los mas, apenas lendo, seria forçado a dizer que: alguém ai está mentindo! Genesis (2, 2-3) afirma que: “Deus concluiu no sétimo dia a obra que fizera e no sétimo dia descansou, depois de toda obra que fizera.”. Já em João (5, 17) é o próprio Jesus quem faz outra afirmação: “...“Meu Pai trabalha até agora e eu também trabalho”.”.

Ao concluir eu o questionei novamente: Qual dos dois está mentido, o evangelista João ou Gênesis, já que você afirma não ser necessário estudar a bíblia? E este meu amigo não encontrou resposta para as minha questão e infelizmente ele não continuo o dialogo.

É óbvio que se faz necessário estudar, se não, o que Jesus fez durante três anos de sua vida com seus discípulos? A própria palavra “discípulo” que, segundo os dicionários quer dizer: Aquele que recebe ensino de alguém; aquele que aprende; aluno – vem do latim “discipulu”.

No Evangelho de João, Jesus é categórico em afirmar que seu Pai trabalha até agora, quer dizer ainda não descansou mas, o que Ele poderia estar querendo nos revelar com isso?

A Obra de Deus é desde a Criação até a instauração do seu Reino na terra, o universo está ai, podemos vê-lo, as águas, as plantas, a luz, os animais e nós (humanos), mas o Reino aqui, ainda não! Jesus também ensinou-nos a pedir pela vinda deste Reino: Mateus (6, 10) “venha o teu Reino, seja feita a tua vontade na terra, como no céu.”. Outra vez a mesma afirmação de Jesus que em outras palavras pede: que o Reino de Deus se realize na terra, assim como é no Céu.

E o que está entre nós e conclusão do Reino de Deus é a nossa semelhança com Ele, pois, a imagem está pronta e é em Jesus que a encontramos. Mas também é Nele que encontramos a diferença, justamente por não sermos a semelhança de Jesus e seu Pai!
Deus se fez homem em Jesus, somos parecidos com Ele em seu aspecto físico, mas e quanto a semelhança? Jesus nos mostrou um humanismo que estamos muito aquém deste modelo que seria a nossa “semelhança” com Deus.

À toda obra que Deus fez, a fórmula “e viu que era bom” se repete e no sexto dia Ele viu que era “muito bom” e este “muito bom” foi no dia da Criação do humano. E o que fizemos foi, guerras, falsos profetas, inversão de valores, dependências inerentes ao capitalismo e em nome deste capital escravizasse nações inteiras e muitas outras formas criativas desta “desumanidade”. Podemos avaliar isto tudo e ver um “muito bom” ou se quer um apenas “bom”? Deus também, ainda não!

Para responder completamente temos que voltar ao texto que se refere ao sexto dia em Gênesis (1, 26) “Deus disse: “Façamos o homem a nossa imagem, como nossa semelhança, e que eles dominem sobre os peixes do mar, as aves do céu, os animais domésticos, todas as feras e todos os répteis que rastejam sobre a terra”....Deus viu tudo que tinha feito: e era muito bom. Houve uma tarde e uma manhã: sexto dia. Assim foram concluídos o céu e a terra, com todo o seu exército.”.

A resposta, que para mim é a mais adequada é que: Estamos no sexto dia! O ser humano ainda é uma obra inacabada e isso me enche de esperanças, quero fazer parte da criação deste Reino de Deus. Qualquer coisa que se faça nesta direção responde aquela questão que todos nós temos: O que Deus quer que eu faça? O que Ele quer de mim? E aqui está a sua resposta: O que quer que você faça, faça pelo Reino de Deus aqui, neste tempo e sem perda de tempo!

Tenha um bom dia e até amanhã!

quarta-feira, 21 de abril de 2010

Caminhar sobre as Águas (Mateus 14, 13-21, Marcos 6, 31-44, Lucas 9, 10-17 e João 6, 1-13)

Na Bíblia, cada vírgula e cada ponto devem ser ‘escarafunchados’ pois, cada verbo, cada palavra tem seu sentido mais profundo, mergulhado no divino mistério. Não devemos prestar atenção apenas nos gestos ou ‘auges’, muitas vezes estes não são o mais importante e nem contém a mensagem pretendida pelos escritores.
Olhando desta forma lemos os textos como quem vê um truque de um mágico, onde nossa atenção é desviada do todo, destacando-se o mais evidente e desprezando a realidade. Na passagem em Mateus 14, 13-21 o que ressalta os olhos é Jesus estalando os dedos e pães e peixes saltando de um cesto como pipoca da panela e este exemplo é um bom lugar para provar esta tese.
Caminhar sobre as águas, multiplicar os pães e peixes, justamente ai nos deparamos com uma surpresa, a multiplicação dos pães acontece nos 4 Evangelhos (Mateus 14, 13-21, Marcos 6, 31-44, Lucas 9, 10-17 e João 6, 1-13) e o caminhar sobre as águas (Mateus 14, 22-33, Marcos 6, 45-52 e João 6, 16-21), só não acontece em Lucas. Nos evangelhos de Mateus, Marcos e João identifica-se também que a perícope (um mesmo momento) é a mesma nos três casos, quero dizer: os dois milagres acontecem na mesma seqüência e isto mostra que um milagre na história complementa o outro, os dois dão um mesmo recado.
Riquíssimos em simbologias que serão detalhadas ao longo desta reflexão. Os dois são milagres que Moisés também realizou: Abertura do mar morto e as codornizes e o maná, só que com uma diferença significativa, Moisés realizava os sinais seguindo as ordens de Deus e Jesus executa estes sinais com autoridade própria sem intermediar.
Dadas estas pistas vamos a reflexão sobre os textos: Multiplicação dos pães: Jesus está no deserto caminhando e curando uma multidão que o segue à algum tempo. Em determinado momento o texto de Mateus menciona sutilmente que havia grama no lugar (14, 19) e é onde Jesus pede para que o povo se acomode naquele lugar. Em seguida, Jesus e seus discípulos distribuem pães e peixes para todos que ali estavam. Os discípulos distribuem, porém não se dão conta do que está se passando.
Tentando levantar as minúcias do texto, a fim de elucidar a beleza das narrativas, identificamos que a multidão pára para comer na grama, a multidão se aconchega enquanto Jesus fica em pé. Não costumamos dizer, repetidamente o Salmo 23, 1 ‘O Senhor é meu Pastor e nada me faltará’? Quem é que procura a grama para dar de alimento aos que o segue, senão o pastor de ovelhas que inclusive está de pé, servindo e cuidando?
Existe situação de fome no texto, de desejo de justiça, de esperança... O quadro nos retrata as necessidades do povo e da realidade da vida naquele tempo – nada diferente de nossos dias de hoje.
Jesus com uma atitude simples de partilhar aquilo que havia em comum dentro da própria comunidade transforma o quadro de miséria em um quadro de fartura, Ele nos mostra que a solução está na partilha e na graça de se viver em comunidade – estrutura familiar onde um é responsável pelo outro (pelo próximo).
Em seguida, Jesus força os seus discípulos a pegar o barco e ir embora e aguardá-lo na outra margem, enquanto Ele se despedia da multidão, isto porque, agora que as pessoas aprenderam a lição, se fazia necessário caminhar unidos, com os próprios pés.
Jesus caminha sobre as águas: Agora o quadro é outro, os discípulos estão sozinhos no barco e com problemas não sabem o que fazer, e Jesus se dirigiu para eles caminhando sobre as águas que estavam agitadas.
Novamente vamos as minúcias: qualquer um que entenda um pouco de navegação sabe que águas agitadas são sinais de problemas, e sérios, para um capitão, marinheiro ou pescador, não foi Jesus que disse: “Segui-me e eu farei de vós pescadores de homens”? (Mateus 4, 19-20). Então no quadro do deserto a figura em questão é a do pastor pastoreando e neste quadro a figura é a do pescador que não está pescando. Todos os elementos do deserto estão, potencialmente, aqui neste quadro: a multidão, injustiça, fome, miséria, esperança e a palavra de Jesus.
Revendo os movimentos do quadro apresentado, o mar está revolto, os peixes estão dentro da água cobertos pelos problemas, Jesus caminha sobre estes problemas com seus ensinamentos e espera que seus discípulos tomem uma atitude, o que não acontece. Então, o que era esperado da parte dos discípulos?
Olhando um pouco mais detalhadamente, além de Jesus o barco também está sobre as águas revoltas. O barco, na simbologia, representa a comunidade, a estrutura familiar, onde acontece a partilha. Ele simboliza o ensinamento que deveria ter sido aprendido no deserto pelos seus discípulos.
Resumindo: os discípulos tinham que lançar a rede (Evangelho) e pescar, colocar os peixes (pessoas) dentro do barco, retirá-las das águas (dos problemas), transformando assim a realidade de miséria sufocando as pessoas, ceifando suas vidas sem transformá-las em vida, e vida em abundância.
Nestes textos verificamos que Jesus nos aponta a solução: A riqueza do radical amor ao próximo que se apresenta em nós mesmos, no poder que a multidão unida tem, que não é enxergado por ela mesma porque as pessoas estão preocupadas consigo mesmas. Também não percebem que são elas que sustentam a tirania no poder. O voto, por exemplo. Porém, Jesus não apresenta a espada como solução, mas, o amor ao próximo no compromisso e na conscientização de perceber a parte que cabe a cada ser humano. E agora, temos elementos para verificarmos os dias de hoje? Nós somos discípulos ou multidão, peixes ou ovelhas? A resposta é que antes de entender este texto, você era um peixe, porém, se você entendeu, me perdoe, mas, agora você é um pescador.

terça-feira, 20 de abril de 2010

Zaqueu – Lucas (19, 1-10).


--> -->


Esta passagem do Evangelho de Lucas e suas ilustrações sempre chamaram a minha atenção, dada tamanha busca e quantidade de energia gasta em uma conversão, ela é empolgante e contagiante. É a história de um pequeno grande homem e seu malabarismo para encontrar-se com o seu Senhor, Jesus.
O texto se desenrola entre elementos teológicos que, seu autor ilustra uma situação de busca por Deus o personagem se desdobra nesta procura e no decorrer desta história ele é quem é encontrado. Os elementos são: a árvore, a multidão, o fato de Zaqueu estar sobre a árvore, a casa de Zaqueu, sua profissão, sua conversão, sua contrição, a refeição, Zaqueu e o próprio Jesus.
Todos estes elementos teológicos nos levam a mergulhar no texto, cada elemento ajudará a iluminar um caminho para compreender o que esta passagem tem para nós nos dias de hoje.

Simplesmente lendo este texto ele nos diz: Zaqueu é um homem de pequena estatura que sobe em um sicômoro para poder ver Jesus passar, nesta passagem, Jesus não faz nada para a multidão, nenhuma cura, nenhuma palavra, Ele vai diretamente à árvore em questão e comunica: (19, 50) “...Zaqueu, desce depressa, pois hoje devo ficar em sua casa” . Zaqueu que era um grande pecador, ao se deparar com Jesus, se arrepende dos males que fez aos outros e promete restituir as pessoas por ele prejudicadas, além de dar metade dos seus bens aos pobres. Os publicanos eram funcionários romanos e muitas vezes cobravam além do devido, eles eram odiados pelo povo a tal ponto que, não lhes permitiam sua entrada no Templo. O pecado de ser um publicano era estendido também a seus familiares, mas ainda ha outro agravante, Zaqueu é chefe dos publicanos o que faz dele o pior pecador deste grupo de pessoas.

A multidão julga a própria ida de Jesus à casa de Zaqueu quando dizem: “Foi hospedar-se na casa de pecador” assim como Ele é criticado nos momentos que está com prostitutas, ou toca em moribundos ou em leprosos.

Zaqueu reconhece seus pecados e não os nega, ele confessa seus erros e se compromete em repará-los junto a comunidade, ele não diz que vai devolver os valores dos impostos ou pedir demissão de seu emprego, ele diz que vai devolver quatro vezes os valores por ele roubado e dará aos pobres metade de tudo que possui, uma verdadeira contrição que transformará a realidade não só de Zaqueu mas, de todos os seus.

A restituição em quádruplo se da conforme a lei judaica (Ex 21, 37) “Se alguém roubar um boi ou uma ovelha e o abater ou vender, restituirá cinco bois por um boi e quatro ovelhas por uma ovelha.”.

Zaqueu não é curado de absolutamente nada, ele e toda a sua casa são comunicados que a salvação lhe foi dada quando Jesus diz: (19, 9) “Hoje a salvação entrou nesta casa...”.
Nos Evangelhos, quando Jesus cura alguém Ele diz: “sua fé te salvou, levante e ande”, aqui temos dois movimentos, a cura e a salvação, a cura é momentânea ela tem validade em nossa atual dimensão, o que não quer dizer que esta pessoa nunca mais terá nenhum problema de saúde. Já a salvação, que é o mais importante, vale para a eternidade no Reino tão esperado, onde a justiça e o amor nos serão dados. Neste texto de Lucas, somente a salvação é oferecida de forma ampla e é para todos daquela casa, os mesmos que foram condenados pelos poderes religiosos da época.

Um outro aspecto que não pode passar despercebido é que: o sicômoro é uma figueira, os seus frutos dão em cachos e não são muito apreciados, seus galhos são muito fortes, sua sombra é muito refrescante.

Em muitos livros, sagrados ou não, são descritos, pensadores, profetas, filósofos. entre outros, em situações que se dão embaixo de uma árvore. Temos sempre que ter em mente muitas coisas de hoje que não existiam naquele tempo como: padarias, farmácia, torneiras, geladeira e muito menos ar-condicionado, imagine o quanto era quente o interior de uma casa durante o dia, e é por isso que a sombra de uma árvore e a própria árvore, são sempre descritos como lugares sagrados e de paz, por proporcionar, sombra e não impedir a brisa, um ótimo lugar para reflexões.

Outra coisa a ser observada é que na Bíblia a palavra “casa” é uma palavra chave que representa uma comunidade: casa de Abraão, casa de Jacó, etc. Outro exemplo está em Lucas (1, 27) “a virgem desposada com um varão chamado José, da casa de Davi ...”, isso também nos mostra que esta palavra (casa) vai não somente além das paredes e cômodos como também abrange gerações. Devemos, assim também, levar em consideração que a palavra “casa” abrange a comunidade, ou até mesmo, toda uma sociedade. A final de contas quando Jesus se refere a “casa do Pai” Ele se refere ao Reino do Pai como um todo.

Muitas passagens deixam de maneira bem explicita o papel de Deus como: juiz, oleiro, pastos, pescador, mestre, jardineiro, sacerdote e etc... Aqui em Zaqueu, Jesus exerce o papel de agricultor que entra em um jardim, ou um pomar, onde a multidão são os frutos e Zaqueu é aquele fruto especial e que está no ponto. No livro de Provérbios (27, 18) está escrito: “Quem cuida de sua figueira comerá dos seus frutos, e quem vela por seu Senhor será honrado.” está passagem parece estar ilustrando este encontro entre Zaqueu e Jesus.

Em outras passagens bíblicas, relacionadas às figueiras como no Apocalipse (6, 13) “as estrelas do céu se precipitaram sobre a terra, como a figueira que deixa cair seus frutos ainda verdes ao ser agitada por um vento forte”, a exemplo da multidão que se encontra no chão, mas não Zaqueu. Perante Deus ele é o fruto forte, tenro, doce e puro, é como aquela safra de uvas tão esperada por todos, e ainda mais pelo dono da vinha. E ai, dadas as devidas proporções, podemos substituir os personagens por: as uvas por Zaqueu, o dono da vinha por Jesus.

Zaqueu está pronto quando, após cometer muitos e muitos erros, se da conta de sua situação como humano, seus olhos lhe são abertos e ele se purifica quando enxerga os entraves que o cercavam e se humaniza, humanizando assim também os da sua casa, ou sua comunidade. Zaqueu se transforma em um novo homem.

No Jardim do Éden onde Deus caminha lado a lado com o homem e a mulher, e neste maravilhoso jardim também existem alguns elementos que contrastam com este Evangelho, a árvore do conhecimento do bem e do mal e a árvore da sabedoria, ambas com seus frutos. Outro aspecto também a exemplo de Gêneses, Zaqueu está escondido por entre as folhas da figueira, que são as mesmas folhas que cobrem os corpos de Adão de Eva quando se vêem nus e não assumem as próprias culpas, um diz que foi a serpente, o outro diz que foi a mulher. Zaqueu ao descer da árvore não traz as folhas consigo, portanto, teologicamente, ele desce nu e em seguida confessara o seu pecado e recebe a remissão do mesmo. Ele não culpa ninguém pelos seus erro, muito pelo contrário, ele o assume integralmente, ele poderia ter jogado a culpa em Roma dizendo que só fez o que lhe foi mandado.

A multidão está contaminada por falsas idéias de justiça, a multidão já havia condenado Zaqueu e também condena a atitude de Jesus, esta multidão são frutos verdes vitimas de sua própria formação cultural, os aspectos políticos e religiosos que lhes impôs um pesado fardo e lhes tampam a vista para que não tenham a exata percepção do quanto a sua semelhança está distante da de Deus.

Nos apoderando um pouco mais dos símbolos, Zaqueu pode ser visto como uma comunidade ou fruto de uma, que mudará radicalmente e em todos os aspectos a realidade da sua. Não foi isso que Abraão com a sua casa e as doze tribos, e não foi uma transformação semelhante que aconteceu com Saulo de Társio (Paulo)?


O compromisso que se assume perante Deus, quando nos comprometemos a lhe trazer frutos, pelo menos deveria ser muito refletido, tamanha responsabilidade assumida perante Ele.

O que vemos hoje me da vergonha, o nome de Deus sendo comercializado, mentiras como, demônios, deposite aqui ou ali como se Deus tivesse conta bancária. Por que o exemplo de Zaqueu não é copiado por estas instituições? A resposta é que: O poder e a corrupção apodrecem a grande maioria, falta coragem para rever os caminhos e reconhecer os erros para ai sim seguir em frente.

A vontade de Zaqueu é tamanha que o faz superar tudo isso, todos os pesos que lhe foram impostos pelo demônio da ganância, pelo demônio religioso que ensina um deus injusto e de pouca sabedoria, quando ele se da conta troca tudo por Jesus, que lhe chamou pelo nome e diretamente proporcionando uma mudança radical, uma guinada transformadora e eterna.

Nos dias de hoje, existem pessoas que esperam este chamado mas, não é porque não são chamadas e sim porque não ouvem o chamado. Lembre-se, toda a multidão era convidada, Jesus não privilegia ninguém, todos são chamados mas a multidão está contaminada e não compreende Jesus, são como os frutos verdes que caíram com o vento forte. Observe que Zaqueu também era um fruto verde mas, ele sobe a árvore, amadurece e se purifica.

Os chamados, antes e depois de Jesus nos são feitos pelo Espírito Santo, basta ver alguns personagens bíblicos, Abraão, Jacó, Moisés, os profetas ou Maria de Nazaré, Francisco de Assis, Antônio de Padua, Mahatma Gandhi, Martin Luther King, entre muitos outros. Olhe o que o mundo nos apresenta e pergunte a si mesmo. O que Jesus faria em meu lugar? Esta nossa obrigação, por si só já é um convite. O que Deus nos pede? Ele nos pede para sermos sua imagem e semelhança, somente isso!

Zaqueu não foi pedir demissão de seu cargo, ele somente ira exercê-lo de uma outra forma, perante a ignorância da comunidade ele continuará sendo um pecador mas, não perante Deus. A injustiça social, ou seja, o pecado social é aquele em que todos nós, de uma forma ou de outra, temos a nossa parcela. Os modelos sociais, educacionais, políticos, religiosos, etc... estão muito a quem das nossas esperanças, basta dar uma olhadinha rápida na atual humanidade e em seguida olhar para dentro de nós mesmos e se sua resposta a estes problemas for: “Eu não tenho nada a ver com isso!” ou qualquer uma outra que te isente de culpa, então você ainda faz parte da multidão embaixo da árvore, os frutos verdes.

É esta visão de Justiça que Jesus nos apresenta, como em João (13, 34) “Dou-vos um mandamento novo: que vos ameis uns aos outros. Como eu vos amei, amai-vos também uns aos outros”. O modelo de Cristo apresentado em Jesus não corresponde às expectativas, do Cristo esperado pelo povo judeu! Este homenzinho corre a frente da multidão que está no Caminho, mas não vêem em Jesus o Cristo. Zaqueu ultrapassa a multidão, quer dizer, ele avança, já está a frente é como um salto qualitativo.

Para encontrarmos Jesus é necessário se libertar de falsos modelos, é necessário amadurecer e conhecer no mais profundo sentido das palavras: amor, liberdade, compromisso e justiça.

Quanto mais entendermos a Deus, maior será a nossa cobrança e mais humanos seremos. Melhores cidadãos, melhores pais, melhores políticos, melhores professores, melhores cientistas, melhores médicos, melhores sacerdotes e assim por diante, se todos fizerem a sua parte não ha como não termos uma sociedade melhor.

Ler está passagens em Lucas não dá para não parar e visualizar este quadro maravilhoso que nos apresenta o seu autor. Toda vez que leio eu vislumbro um bosque, uma colina com uma árvore frondosa, muita movimentação das pessoas, um grande homenzinho sobre esta árvore e Deus neste pomar colhendo um fruto com todas as melhores propriedades que pode haver em um fruto.

Quem não gostaria de ser um fruto assim no pomar onde Deus é o agricultor? Que outro prazer poderia ser maior que este? Quem não gostaria de ser Zaqueu? Servir a Deus ou servir-se a Deus, como alimento mesmo! Para poder entender a alegria das partes envolvidas podemos também vislumbrar a alegria de Zaqueu pelo seu encontro com o seu Senhor, é a suposta alegria do fruto perfeito que foi adoçar a boca do Criador e podemos imaginar o regozijar de Deus com este fruto.


* Este Texto teve a colaboração do meu amigo Paulo Sander