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sexta-feira, 21 de maio de 2010

Vida após a morte, como se daria?






Este assunto inquieta muita gente, quero aqui colocar alguns aspectos, bíblicos, para levantar mais questionamentos do que oferecer respostas, como teólogo é óbvio que tenho minha opinião formada e alicerçada em meus conhecimentos, mas algumas coisas que são interiores o melhor é cada um de nós formar a sua própria e acredito que este assunto seja um destes casos que irá contribuir em nossa caminhada.
Com este passeio bíblico quero mostrar alguns elementos para contribuir com este questionamento que todos temos: Quando morremos o que acontece, adormecemos e ficamos esperando, vamos direto para o Céu, somos julgados e sentenciados? Por ser um teólogo, aqui está desconsiderada a hipótese da morte ser o fim.
Algumas linhas do cristianismo, baseados também em textos bíblicos, afirmam que no Céu estão somente, Deus-Pai, Jesus e o Espírito Santo. Quero aqui colocar um pouco de lenha nesta fogueira e apresentar momentos bíblicos não mencionados por estas linhas cristãs. Isso somente para fortalecer o diálogo.
Sei que alguns vão contra argumentar com outras passagens bíblicas, e não ha nada de errado em fazê-lo, pois, Jesus fez o mesmo nas tentações contra o diabo* onde o demônio se utilizou de textos bíblicos para tentá-lo e Jesus também se utiliza da mesma fonte para derrubar os argumentos, igualmente legítimos. Mateus (4, 1).  Uma das coisas que aprendi com este duelo de Jesus com o demônio foi que: não se avalia a parte pelo todo!
Tendo isto em vista levantei alguns versículos da bíblia que acredito nos nortearam nesta caminhada.
Em Gênesis (5, 24) “Henoc andou com Deus, depois desapareceu, pois Deus o arrebatou”, e também em Eclesiástico (44, 16) “Henoc agradou ao Senhor e foi arrebatado, exemplo de conversão para as gerações.”.  Elias em 2 Reis (2, 1) “Eis o que aconteceu quando o Senhor arrebatou Elias ao céu no turbilhão”, ou em Eclesiástico (48, 9) “que foste arrebatado num turbilhão de fogo, num carro puxado por cavalos de fogo”. O profeta Eliseu, súdito de Elias – Eclesiástico (48, 13 – 14) “Nada era muito difícil para ele: até morto profetizou. Em vida fez prodígios; morto ações maravilhosas.”.
Com Moisés acontece algo diferente, no relato de sua morte ele sobe no monte Nebo, contempla a terra prometida e morre: Deuteronômio (32, 48 – 52) “Neste mesmo dia, o Senhor falou a Moisés: ‘Sobe a esta montanha dos Abarim, sobre o monte Nebo, na terra de Moab, diante de Jericó, e contempla a terra de Canaã que eu dou como propriedade aos israelitas. Morrerás no monte em que tiveres subido e irás reunir-te aos teus, assim como o teu irmão Aarão, que foi reunido ao seu povo no monte Hor, pois fostes infiéis a mim no meio dos israelitas, junto às águas de Meriba-Cades, no deserto de Sin, não reconhecendo a minha santidade no meio dos israelitas. Por isso contemplaras a terra à tua frente, mas não poderás entrar nela, na terra que estou dando aos israelitas.” Neste texto, Deus diz a Moisés que ele irá “morrer” e encontrar-se-á com os seus, o que inclui Aarão, até aqui tudo bem!
Aarão também morreu e Deus disse que ele havia ido encontrar-se com o seu povo mas, eu soube que ele foi visto por alguém no Céu passeando com o mendigo Lázaro: Lucas (16, 22) “E aconteceu que o mendigo morreu, e foi levado pelos anjos para o seio de Abraão”.  Levado para o seio de Abraão é um termo na tradição judaica que quer dizer: “reunir aos teus” mesma fórmula de Deuteronômio (32, 50) “...irás reunir-te aos teus ...”. Todos aqui quando morreram foram “reunir-se aos teus”, assim como Moisés mas, se Moisés morreu, o que ele faz, inclusive revestido em Glória na Transfiguração? (Lucas 9, 31) O próprio Deus disse a Moisés que ele morreria, isso foi em 1.250 A.C, estaria Deus brincando com Moisés? É óbvio que não, então posso concluir que, se Moisés foi reunir-se com Aarão e o seus, e no Evangelho Moisés está no Céu, todos eles estão, junto com Henoc, Abraão, Elias, Eliseu e o mendigo Lázaro...
A diferença está no que entendemos por morte, particularmente, gosto de compará-la ao nosso nascimento, como quando saímos do ventre, é a versão de morte que melhor responde as minhas expectativas e o que preenche a minha compreensão do que é, misericórdia, justiça e o amor divino. Considerando que estamos no ventre materno e que no mundo externo existe uma sociedade rica em valores morais e éticos. Temos um pai e uma mãe que ainda não os vimos mas, eles nos dão carinho, amor, proteção e nos alimentam – até então para nós são semelhantes a Deus. Podemos considerar o nosso universo um imenso e divino útero e quando morremos, na verdade nascemos.
Quando morremos aqui, acredito que vamos incompletos e que temos muito que aprender e que temos muito a fazer, se Deus trabalha tanto, que se faz necessário o seu descanso (sétimo dia), que dirá nós, a final e novamente a exemplo do nosso nascimento, ninguém vem a este mundo pronto.
Seguir além seria especulação mas, eu anseio por este meu futuro nascimento e também a exemplo do ventre, não desejo antecipá-lo, não é por medo e sim por amor a este Deus que é Pai do meu Irmão Jesus. Assim como o fim ultimo da água de um rio é encontrar o oceano, o fim último do humano é encontrar Deus face a face. Enquanto isso não acontece, faça algo de bom para este mundo que também é seu.


Quadro: Carlos Araujo - "Transfiguração" retirado de seu Livro "Bíblia - Citações"

sexta-feira, 14 de maio de 2010

O menino endemoninhado Marcos (9, 14 – 29).

Não é minha intenção fechar questão sobre essa passagem tão inquietante e complexa, nenhum teólogo tem competência para isso, pretendo sim acrescentar a este momento uma nova reflexão, ou acrescentar elementos para que você faça sua própria reflexão. As minúcias são muitas mas, vá até o fim, pois, acredito que você irá se surpreender com o resultado.

A dúvida sobre esta passagem veio de algumas alunas de Mauá que me perguntaram se eu havia pesquisado algo sobre a passagem em questão. A estas eu respondi que: havia lido mas, sem me aprofundar.

Esta é realmente uma passagem perturbadora onde, um pai entrega o seu filho único que é perseguido de morte por demônios e por isto necessita da auxilio dos discípulos de Jesus, que estão atônicos por não compreenderem o por que não conseguem livrá-lo deste demônio.

Marcos (9, 14 – 29) O endemoninhado epilético”. “E chegando junto aos outros discípulos, viram uma grande multidão em torno deles e os escribas discutindo com eles. E logo que toda a multidão o viu, ficou admirada e correu para saudá-lo. Ele perguntou-lhes: “Que discutíeis com eles?” Alguém da multidão respondeu: “Mestre, eu te trouxe meu filho que tem um espírito mudo. Quando ele o toma, atira-o pelo chão. E ele espuma, range os dentes e fica rígido. Pedi aos teus discípulos que o expulsassem, mas não conseguiram”. Ele, porém, respondeu: “Ó geração incrédula! Até quando estarei convosco? Até quando vos suportarei? Trazei-o a mim”. Levaram-no até Ele. O espírito vendo a Jesus imediatamente agitou com violência o menino que, caindo por terra rolava espumando. Jesus perguntou ao pai: “Há quanto tempo lhe sucede isto?” – Desde pequeno, respondeu; e muitas vezes o atira ao fogo ou na água para faze-lo morrer. Mas se tu podes, ajuda-nos, tem compaixão de nós”. Então Jesus lhe disse: “Se tu podes! ...Tudo é possível àquele que crê!” Imediatamente o pai do menino gritou: “Eu creio! Ajuda a minha incredulidade!” Vendo Jesus que a multidão afluía, conjurou severamente o espírito impuro, dizendo-lhe: “Espírito mudo e surdo, eu te ordeno: deixa-o e nunca mais entre nele!” E, gritando e agitando-o violentamente, saiu. E o menino ficou como se estivesse morto, de modo que muitos diziam que ele morrera. Jesus, porém, tomando-o pela mão ergueu-o, e ele se levantou. Ao chegar em casa perguntou-lhe seus discípulos, a sós: “Por que não puderam expulsá-lo?” Ele respondeu:“Essa espécie não pode sair a não ser com oração e jejum”.

As questões aqui são muitas: Quem é este menino? O texto somente quer mostrar que Jesus tem poder sobre o demônio? Quem é ou quem são os demônios surdos e mudos? Por que joga o menino na água e no fogo? Por que os discípulos não puderam expulsar este demônio? Quem é o pai do menino?

Em Matheus (17, 15): o pai do menino o apresenta como lunático e quem o joga pela água e pelo fogo é o próprio menino, em Marcos (9, 17): o pai o apresenta como tendo um espírito mudo e finalmente em Lucas (9, 38): o pai o apresenta como filho único.

Para fazermos uma investigação mais abrangente é necessário verificarmos o que está sendo discutido e para tanto se faz necessário ir além das regras que estabelecem uma perícope, apenas para levantar mais argumentos, afim de ilustrar melhor as afirmações deste levantamento teológico. Então, para responder às perguntas sugeridas neste estudo fica estabelecida a perícope: Matheus (16, 21.17, 21), Marcos (8, 31.9, 29) e Lucas (9, 22-43). Isto por que cada um dos evangelistas nos apresentam um olhar de um angulo diferente do outro e para chegar a uma conclusão teremos que: observar todos eles descrevendo as mesmas situações e cada qual contando sua versão conforme sua percepção. Quero aqui fazer um apanhado de maneira seqüencial, são os mesmos textos e sobre o mesmo assunto nos três Evangelhos sinóticos (semelhantes).

O texto que se segue abrange muito bem o assunto que nos permeará. Mateus (16, 21-23) Primeiro anúncio da paixão – A partir dessa época, Jesus começou a mostrar aos seus discípulos ser necessário que fosse a Jerusalém e sofresse muito por parte dos anciãos, dos chefes dos sacerdotes e dos escribas, e que fosse morto e ressurgisse ao terceiro dia. Pedro, tomando-o à parte, começou a repreende-lo, dizendo: “Deus não o permita, Senhor! Isso jamais te acontecerá!” Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: “Afasta-te de mim Satanás! Tu me serves de pedra de tropeço, porque não pensas as coisas de Deus, mas as dos homens!”. Nesta passagem podemos destacar que: Pedro é chamado de Satanás (demônio), por pensar as coisas dos homens e não as de Deus. Jesus destaca também que os acontecimentos que se sucederão são necessários para o Projeto de Deus, seu sofrimento e sua perseguição e morte por parte dos, chefes dos sacerdotes, chefes dos escribas e os anciãos.

O texto da Transfiguração que me parece mais detalhado é o de Lucas, a fim de melhor atingir o objetivo vou transcrevê-lo na integra: Lucas (9, 28 – 36) Transfiguração Mais ou menos oito dias depois dessa palavra, tomando consigo a Pedro, João e Tiago, Ele subiu à montanha para orar. Enquanto orava, o aspecto de seu rosto se alterou, suas vestes tornaram-se de fulgurante brancura. E eis que dois homens conversavam com Ele: eram Moisés e Elias que, aparecendo envoltos em glória, falavam de seu êxodo que se consumaria em Jerusalém. Pedro e os companheiros estavam pesados de sono. Ao despertarem, viram sua glória e os dois homens que estavam com Ele. E quando estes iam se afastando, Pedro disse a Jesus: “Mestre, é bom estarmos aqui; façamos, pois, três tendas, uma para ti, outra para Moisés e outra para Elias”, mas sem saber o que dizia. Ainda falava, quando uma nuvem desceu e os cobriu com sua sombra; e ao entrarem eles na nuvem, os discípulos se atemorizaram. Da nuvem, porém, veio uma voz dizendo: “Este é o meu filho, o Eleito; ouvi-o”. Ao ressoar essa voz, Jesus ficou sozinho. Os discípulos mantiveram silêncio e, naqueles dias, a ninguém contaram coisa alguma do que tinham visto.

Moisés e Elias já estavam lá revestidos de glória assim como Jesus e o assunto em discussão fica bem claro em Lucas (9, 30ss) ‘E eis que dois homens conversavam com Ele: eram Moisés e Elias que, aparecendo envoltos em glória, falavam de seu êxodo que se consumaria em Jerusalém.’. Aqui temos grandes personalidades bíblicas: Moisés, Elias, Jesus e Deus-Pai. Moisés é o representante da Lei, Elias é o representante das Profecias. Toda a Lei, todas as Profecias e todo o Antigo Testamento converge para Jesus de Nazaré, dai a importância de se cumprir o escrito e também os ensinamentos de Jesus. Deus-Pai diz “ouvi-o”? Este “ouvi-o” tem um aspecto muito relevante que é um pedido de Deus-Pai pelo seu Filho. Pedro, Tiago e João estão sendo chamados de surdos, semelhante ao demônio que está no menino, outro fato a ser lembrado é o de Jesus ter chamado o próprio Pedro de Satanás em Mateus (16, 23) Ele, porém, voltando-se para Pedro, disse: ‘Afasta-te de mim Satanás!’.... Então os demônios são: o demônio-incompreensão (discípulos), o demônio-poder (anciãos, escribas, sacerdotes) todos estão surdos para a Palavra, para a Lei e para Jesus.

A pergunta de Jesus ao pai do menino é: “Há quanto tempo lhe sucede isto? e a resposta é: Desde pequeno. Existe aqui uma semelhança com alguns personagens bíblicos que também são perseguidos desde pequenos: José do Egito, Moises, Davi e Jesus; outra semelhança: “o menino é muitas vezes atirado ao fogo ou na água”. Moises quando era um bebe foi colocado na água por sua mãe para escapar da morte. Jesus é batizado na água e em seguida é tentado pelo demônio, e os cordeiros oferecidos para o sacrifício são colocados no fogo, e Jesus é o Cordeiro de Deus; mais uma semelhança: o espírito impuro saiu do menino e o menino ficou como se estivesse morto, não é também semelhante a Jesus na Cruz, todos pensaram que Ele havia morrido e todas as esperanças se acabaram naquele momento.

Quero separar aqui o ultimo momento ou a ultima semelhança, pela sua beleza e seu significado. No texto diz: “Jesus, porém, tomando-o pela mão ergueu-o, e ele se levantou., A semelhança aqui se dá naquilo que não vemos lendo sobre a ressurreição de Jesus, pois, é o próprio Deus-Pai quem toma Jesus pela sua divina mão e o traz à Vida em sua merecida Glória (Louvado seja nosso amado Deus) e no texto diz: “e ele se levantou.”, não seria a mesma coisa que aconteceu com Jesus em sua ascensão, é o próprio Jesus que se eleva a Casa do Pai.

A meu ver está história é uma parábola que ilustra um fato, a história deste menino endemoninhado se assemelha, e muito, a de Jesus, e acredito eu, que é assim que se da a sua Santíssima Ressurreição e Ascensão. E também é assim que se sucederá a nossa. Deus se fez humano, não somente parte mas inteiramente humano, seu nascimento se da a partir de um útero, Ele come, bebe, sente medo, chora e tem necessidades fisiológicas. Então, porque sua morte seria diferente da nossa? É óbvio que Ele inaugura a vida eterna quando vence a morte para todos nós e por isso tem a sua merecida Glória.

Somos realmente a sua imagem em tudo, até na filiação. Não foi Ele mesmo que nos disse: Pai nosso que estais no céu..., somos filhos do mesmo Pai, que tudo pode e que te ama. Porque seria diferente? Afinal Moisés e Elias também estavam envoltos em Glória, no texto da Transfiguração Lucas (9, 28 – 36).