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quinta-feira, 19 de maio de 2011

Diálogo com Nicodemos – João 3, 1 – 21.




“Bem-aventurado o homem que não anda segundo o conselho dos ímpios..”. Salmo 1, 1

Textos escatológicos são sempre complexos, pois, fica difícil por um freio e não entrar nas reflexões especulativas. Quando o assunto é a escatologia, para mim, a única fonte confiável é Jesus, e Ele deixou apenas pistas sobre como é o Céu, nesta reflexão Jesus dirá: Se não credes quando vos falo das coisas da terra, como crereis quando vos falo das coisas do céu?”.
Assim como acontece com Nicodemos, sempre que nos deparamos com esta passagem, ficamos com a pulga atrás da orelha, com a pergunta do próprio Nicodemos:Como pode um homem nascer, sendo velho?”.

É um dialogo muito rico em detalhes e cheio de ensinamentos sobre, vida e morte, terra e céu, onde Jesus questiona o conhecimento religioso dos responsáveis por transmiti-los.
Leia este texto e depois acompanhe a reflexão, ele tem muito a nos ensinar.
João 3, 1 – 21 - Havia entre os fariseus, um homem chamado Nicodemos, um notável entre os judeus. À noite ele veio encontrar Jesus e lhe disse: “Rabi, sabemos que vens da parte de Deus como mestre, pois ninguém pode fazer os sinais que fazes, se Deus não estiver com ele”. Jesus lhe respondeu: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer de novo não pode ver o Reino de Deus”.
Disse lhe Nicodemos: “Como pode um homem nascer, sendo já velho? Poderá entrar segunda vez no seio de sua mãe e nascer?” Respondeu-lhe Jesus: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer de novo.
O vento sopra onde quer e ouves o seu ruído, mas não sabes de onde vem nem para onde vai. Assim acontece com todo aquele que nasceu do Espírito”.
Perguntou-lhe Nicodemos: “Como isso pode acontecer? Respondeu-lhe Jesus: “És mestre em Israel e ignoras essas coisas?
Em verdade, em verdade, te digo: falamos do que sabemos e damos testemunho do que vimos, porém,  não acolheis o nosso testemunho. Se não credes quando vos falo das coisas da terra, como crereis quando vos falo das coisas do céu?
Ninguém subiu ao céu, a não ser aquele que desceu do céu, o Filho do Homem.
Como Moisés levantou a serpente no deserto, assim é necessário que seja levantado o Filho do Homem, a fim de que todo aquele que crer tenha nele vida eterna.
Pois Deus amou tanto o mundo, que entregou o seu Filho único, para que todo o que nele crê não pereça, mas tenha a vida eterna.
Pois Deus não enviou o seu Filho ao mundo para julgar o mundo, mas para que o mundo seja salvo por ele. Quem nele crê não é julgado; quem não crê, já está julgado, porque não creu no nome do Filho único de Deus.
Este é o julgamento: a luz veio ao mundo mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más.
Pois, quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis.
Mas quem pratica a verdade vem para a luz para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus”.
Nicodemos é um notável entre os fariseus, ou seja, para os judeus ele seria um profundo conhecedor das sagradas escrituras e dos ensinamentos nelas contidos, só que este conhecimento já lhe foi passado de forma adulterada pelos responsáveis em transmiti-lo por entre as gerações. Nicodemos tem consciência e medo disso, pois, é dai que vem o seu medo de ser visto com Jesus e é por isso que ele vem falar com Jesus apenas a noite. E isso também está em discussão nas palavras de Jesus, quando Ele diz: ”Este é o julgamento: a luz veio ao mundo mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más. Pois que faz o mal odeia a luz... Mas que pratica a verdade vem para a luz para que se manifeste que suas obras são feitas em Deus”.
Quando Jesus diz: És mestre em Israel e ignoras essas coisas?, também está dizendo a nós todos que devemos ter nossos critérios para sabermos avaliar o que vem de Deus e o que não vem e nisso incluísse os nossos mestres. Discernir é necessário, uma vida melhor se faz em um mundo melhor e seus elementos básicos são, amor e justiça, precisamos ter critérios para discernir-mos, temos que ter consciência de que Deus é Pai amoroso e que o Caminho que me leva a Ele não tem pedágio, e Deus quer que tenhamos vida em abundancia, é Ele quem diz: “Porque eu quero a misericórdia, e não o sacrifício; e o conhecimento de Deus, mais do que os holocaustos.” (Oséias 6, 6).

Outra coisa que devemos ter em mente é que, quando Jesus fala do Reino de Deus, Ele não esta falando apenas de um Reino no Céu, Ele está dizendo do Reino aqui na terra também e isso está em: Lucas 17, 21, Lucas 9, 27.

Para elucidar um pouco mais, podemos olhar outros ensinamentos de Jesus que, em outras palavras, contém os mesmos ensinamentos. No diálogo de Jesus com Nicodemos, quando Ele fala sobre “nascer novamente”, seria o mesmo ensinamento contido em:
Lucas (18, 17) – “Em verdade vos digo, aquele que não receber o Reino de Deus como uma criancinha, não entrará nele.”, aqui Ele está explicando que: não se entra no Reino de Deus como mestre e sim como aprendiz, assim como uma criancinha;
Mateus (18, 4) – “Aquele, portanto, que se tornar pequenino como esta criança , esse é o maior nos Reino dos céus.”;
1 Pedro (2, 2) – “Portanto, rejeitando toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia e de inveja e toda maledicência, desejai, como crianças recém nascidas, o leite não adulterado da palavra, a fim de que por ele cresçais para a salvação, já que provastes que o Senhor é bondoso.”.
Seguindo um pouco mais em frente neste diálogo quando Jesus diz: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus. O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito. Não te admires de eu te haver dito: deveis nascer de novo.”. Algumas reflexões diriam que, quando Jesus diz: “..nasce da água..”, Jesus está se referindo ao batismo mas, eu entendo que neste texto Ele se refere ao ventre materno, pois, primeiro ele diz: “..quem não nasce da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus...”, logo em seguida Ele explica:..O que nasce da carne é carne, o que nasce do Espírito é Espírito... Além disso, Ele está falando com um “fariseu notável” que teria a obrigação de saber do que se trata e o Batismo seria um ritual recente e não era praticado pelos fariseu e por outras linhas judaicas.
Os argumentos utilizados para entendermos este ensinamento até agora foram pesquisados no Novo Testamento mas, temos que lembrar que Jesus está argumentando com um fariseu que é do tempo em que não haviam estes livros (Evangelhos) e para entendermos melhor as questões que são colocadas para Nicodemos temos que argumentar com os conhecimentos que ele possui, portanto, o Antigo Testamento. Quando Jesus se refere a crianças ele está se referindo a gênesis antes de o ser humano ter experimentado da “arvore do conhecimento do bem e do mal”, Ele se refere a pureza da inocência para merecermos a companhia de Deus no Jardim do Éden.
Quando Jesus diz a Nicodemos: Pois, quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis.”. Não seria este o exemplo de Adão quando se depara com sua nudez, neste momento Adão se esconde da Luz, que é Deus, e cobre sua nudez (Gênesis 3, 7), ou seja, a vergonha do erro (pecado) e neste texto com Nicodemos Jesus diz: Este é o julgamento: a luz veio ao mundo mas os homens preferiram as trevas à luz, porque suas obras eram más. Pois, quem faz o mal odeia a luz e não vem para a luz, para que suas obras não sejam demonstradas como culpáveis.”.
Neste paraíso onde Deus é: Governante, Juiz, Oleiro, Pastor, Jardineiro, Pai e Marido, Deus, enquanto Jesus, também é a nossa “Arvore da Sabedoria”, esta sim o ser humano deveria ter colhido os seus frutos, longe das malicias cobiçosas e das podres articulações golpistas travestidas de justiça que tanto nos enganam. Isso tudo não é novidade alguma, em suas Cartas Pedro já dizia: (1 Pedro 2, 2) Portanto, rejeitando toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia e de inveja e toda maledicência, desejai, como crianças recém nascidas, o leite não adulterado da palavra, a fim de que por ele cresçais para a salvação, já que provastes que o Senhor é bondoso.
Estes textos todos são auto-explicativos, não ha muito do que acrescentar. Eles nos ajudam a olharmos para nós mesmos com um espelho novo, e olhar à nossa volta com óculos novos também. Termos critérios para ouvir e quem ouvir é urgente, pois, nossos Hitleres ainda estão por ai, nos nossos ouvidos e nos de nossos filhos.
Nossa sociedade fez e continua fazendo guerras em nome de Deus, nos textos bíblicos podemos olhar para Deus no tempo de Moisés mandando fazer guerras. Também podemos olhar para Deus no tempo de Saul (1 Samuel 15, 3), e lermos que Deus mandou matar um povo inteiro inclusive mulheres e crianças. E podemos ver Jesus ensinando que Deus é o mais puro Amor e que Ele não é pela espada, no momento em que Ele manda Pedro guardar a sua espada quando por ele é arranca a orelha de um soldado (João 18, 10; Mateus 26, 51; Marcos 17, 47; Lucas 22, 50).
Mas então o que mudou? O que mudou na Caminhada ao longo do tempo entre Moisés e Jesus? E a resposta é: O conhecimento da figura de Deus, que encontra em Jesus o máximo da Revelação de um Deus que, continua sendo Senhor mas, que também é “Pai”.
Deus é Espírito e cada um de nós também o somos, no momento que somos o sopro divino (Gênesis 2, 7), quando Deus nos sopra as narinas saímos de suas mãos e passamos também a ser carne, ganhamos o maior milagre de todos, a Vida, passamos a existir em um mundo aquático (o ventre materno), o próprio Nicodemos toca neste assunto e Jesus responde: “Em verdade, em verdade, te digo: quem não nascer da água e do Espírito não pode entrar no Reino de Deus.”. As palavras de Jesus são de Vida, ele está explicando como se dá a transição da vida em todos os seus planos, divino e terreno. Saímos das mãos de Deus e voltamos para Ele face a face, jamais morremos. Somos concebidos Dele a partir de seu sopro; vivemos em um mundo aquático no ventre materno, de onde nascemos para este mundo carnal; finalmente somos expulsos deste mundo para a Glória de Deus.
Este é um grande ensinamento mas, infelizmente não queremos beber na fonte dos ensinamentos bíblicos, pois, ainda nos dias de hoje preferimos ouvir as serpentes rastejantes vestidas de: aventais, ternos, túnicas e aquelas que usam um microfone em nossas tv’s. Todas são geradoras de opinião, saiba a quem você inclina os seus ouvidos.

“Portanto, rejeitando toda maldade, toda mentira, todas as formas de hipocrisia e de inveja e toda maledicência, desejai, como crianças recém nascidas, o leite não adulterado da palavra, a fim de que por ele cresçais para a salvação, já que provastes que o Senhor é bondoso.” - 1 Pedro (2, 2)


Quadro de Carlos Araujo - Título: "Nascer Novamente" 1993 - 2004

Dimensões: 270 x 320 cm - Óleo sobre tela colada em madeira
Página 411 do livro "Araujo - Pinturas do Antigo e Novo Testamento"